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terça-feira, 11 de agosto de 2015

CACHOEIRA SECA - RESERVA INDÍGENA

AGRICULTORA DO TRAVESSÃO 170 SUL TEME PERDER PROPRIEDADE PARA RESERVA INDÍGENA CACHOEIRA SECA

Uruará está prestes a um conflito agrário de grandes proporções entre agricultores e Governo Federal. Cerca de 1.300 famílias, um torno de 5 mil trabalhadores poderão ser desapropriados com a futura homologação da já demarcada área indígena Cachoeira Seca, localizada ao lado Sul dos municípios de Placas, Uruará e Altamira.

São centenas de famílias que há pelo menos três décadas vivem e produzem naquelas propriedades localizadas na chamada Linha Vermelha e que passarão a ser consideradas Terra Indígena.

A agricultora Cleusa Pires Ferreira, do km 170 Sul, teme sair da sua propriedade. Ela disse que as famílias estão desesperadas. “Está muito difícil! Estamos temerosos em ter que sair de nossas propriedades. O INCRA e a FUNAI passaram a semana passada em casa, e, nos informaram que vamos ter que sair de nossa terra. Estamos há anos ali com nossa produção. Por que não nos deixa em paz? Pretendemos ficar lá. Não aceitamos sair. Tenho documentação de posse e, mesmo assim, eles querem nos tirar. Isto é uma injustiça e um ato covarde, que o Governo está fazendo. Eles não sabem nem onde nos colocar e nem tem certeza se vai nos indenizar”, disse a produtora rural. 

A Presidente da Associação Maribel, Melania da Silva Gonçalves, disse que o povo daquela comunidade está isolado, mas que as pessoas não vão parar a luta. “Vamos lutar pelos nosso direitos. Não somos invasores. Queremos uma divisa justa, pois os próprios índios entendem que a parte deles é do Olhões para cima. Vamos defender nosso território. Estamos há décadas ali. Agora o Governo Federal não nos dá mais direitos. Todos daquela área não tem direito a energia, nem financiamento, auxilio doença... Perdemos nossos direitos. Eles pensam que agindo dessa forma irá nos desmotivar, e, pelo contrário, estamos prontos para defender nossos direitos. Lutaremos pela nossa permanência na área”, disse.

A presidente afirma que os próprios índios reconhecem o direito dos produtores. “Nós percebemos que existe outros interesses do Governo Federal. Não é a defesa em prol do índio. Pois os próprios índios participam conosco e entende que a terra é das famílias rurais que vivem ali há décadas”, ressalta.

Os habitantes estão determinados em permanecer nas propriedades e dizem que “de lá só sairão mortos”. Os produtores que residem além da denominada ‘Linha Vermelha’ estão apreensivos, pois, com a demarcação, perderão suas terras cultivadas há cerca de 3 décadas.

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