AGRICULTORA DO TRAVESSÃO 170 SUL TEME
PERDER PROPRIEDADE PARA RESERVA INDÍGENA CACHOEIRA SECA
Uruará está prestes a um conflito agrário
de grandes proporções entre agricultores e Governo Federal. Cerca de 1.300
famílias, um torno de 5 mil trabalhadores poderão ser desapropriados com a
futura homologação da já demarcada área indígena Cachoeira Seca, localizada ao
lado Sul dos municípios de Placas, Uruará e Altamira.
São centenas de famílias que há pelo menos três
décadas vivem e produzem naquelas propriedades localizadas na chamada Linha
Vermelha e que passarão a ser consideradas Terra Indígena.
A agricultora Cleusa Pires Ferreira, do km
170 Sul, teme sair da sua propriedade. Ela disse que as famílias estão
desesperadas. “Está muito difícil! Estamos temerosos em ter que sair de nossas
propriedades. O INCRA e a FUNAI passaram a semana passada em casa, e, nos
informaram que vamos ter que sair de nossa terra. Estamos há anos ali com nossa
produção. Por que não nos deixa em paz? Pretendemos ficar lá. Não aceitamos
sair. Tenho documentação de posse e, mesmo assim, eles querem nos tirar. Isto é
uma injustiça e um ato covarde, que o Governo está fazendo. Eles não sabem nem
onde nos colocar e nem tem certeza se vai nos indenizar”, disse a produtora
rural.
A Presidente da Associação Maribel, Melania
da Silva Gonçalves, disse que o povo daquela comunidade está isolado, mas que as
pessoas não vão parar a luta. “Vamos lutar pelos nosso direitos. Não somos
invasores. Queremos uma divisa justa, pois os próprios índios entendem que a
parte deles é do Olhões para cima. Vamos defender nosso território. Estamos há
décadas ali. Agora o Governo Federal não nos dá mais direitos. Todos daquela
área não tem direito a energia, nem financiamento, auxilio doença... Perdemos
nossos direitos. Eles pensam que agindo dessa forma irá nos desmotivar, e, pelo
contrário, estamos prontos para defender nossos direitos. Lutaremos pela nossa
permanência na área”, disse.
A presidente afirma que os próprios índios
reconhecem o direito dos produtores. “Nós percebemos que existe outros
interesses do Governo Federal. Não é a defesa em prol do índio. Pois os próprios
índios participam conosco e entende que a terra é das famílias rurais que vivem
ali há décadas”, ressalta.
Os habitantes estão determinados em
permanecer nas propriedades e dizem que “de lá só sairão mortos”. Os produtores
que residem além da denominada ‘Linha Vermelha’ estão apreensivos, pois, com a
demarcação, perderão suas terras cultivadas há cerca de 3 décadas.
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