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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

COMISSÃO DA VERDADE

DEPOIMENTO À COMISSÃO DA VERDADE REVIVE A MORTE DE JK, 37 ANOS DEPOIS

São Paulo vivia uma noite fria de um domingo de 1976. Eu tomava um café na padaria da esquina quando a notícia se propagou no balcão: o ex-presidente Juscelino Kubitschek falecera em um acidente automobilístico na Dutra.

Assassinato

Já no velório comentava-se que “os generais” tinham executado JK, para que ele não voltasse à presidência após a anistia, que só viria, pelas mãos de Figueiredo, em 1979.

Na Comissão da Verdade

Depôs ontem (01.10), na Comissão da Verdade, Josias Nunes de Oliveira, 69 anos, que presenciou, do ônibus que dirigia, a colisão que matou o JK, na Via Dutra.

Josias repetiu o que disse à Justiça em 1976: o ônibus que ele conduzia foi ultrapassado por um Opala em alta velocidade, que ao invés de seguir a curva, prosseguiu em linha reta, atravessando o canteiro central até a pista contrária, onde colidiu com um caminhão Scania.

“Nem ele bateu em nós, nem nós batemos nele. Parei o ônibus para socorrer. Não sabia quem estava no Opala. Mas não teve socorro. O motorista já estava morto e ainda vi o presidente piscar duas vezes antes de morrer”. Narrou Josias.

Josias confirmou à Comissão que cinco dias depois do acidente, dois homens estiveram na casa dele e lhe ofereceram dinheiro para que assumisse que havia fechado o Opala, causando o acidente. Com medo, ele recusou a oferta.

Josias foi inocentado do homicídio culposo porque a perícia comprovou que um arranhão na lataria do ônibus era de uma tinta usada em anilhas de proteção na rodoviária de São Paulo e não do 

Opala de JK.

A perícia encontrou um material metálico no crânio de Geraldo Ribeiro, o motorista de JK, daí ter surgido a notícia de que um tiro de fuzil o teria atingido, por isso o Opala desgovernou e foi parar na pista oposta.
O AI-5

Em 13.12.1968 a ditadura decretou o Ato Institucional n° 5, que ficou conhecido como o “Golpe dentro do golpe": a linha dura do Exército assumiu ali as rédeas do regime.

Naquela noite, JK paraninfava uma turma de engenharia no Rio de Janeiro. À saída foi preso por vários dias e “aconselhado” a sair do Brasil.

Exílio e a volta

A partir de 1968 JK exilou-se por duas vezes e voltou ao Brasil, definitivamente, ainda sob a ditadura, por volta de 1971, quando comprou uma quinta nas bordas de Brasília, mas a ditadura o proibiu de pisar na capital.

Em janeiro de 1972, clandestinamente, na boleia de um velho caminhão Ford, JK revisitou a cidade que construiu. Ouvida do próprio Juscelino, a visita foi narrada pelo jornalista Carlos Chagas no artigo, publicado em “O Estado de S. Paulo”, “Brasília não vê JK chorar".

Não sei se é lenda urbana, mas conta-se que em um dos bolsos do paletó do ex-presidente, quando lhe despiram as vestes do corpo fenecido, estava o recorte do jornal, com o artigo de Carlos Chagas.

De volta ao Planalto Central

Depois de quatro anos da visita clandestina à Brasília, o general Ernesto Geisel, então presidente do Brasil, permitiu que JK retornasse, com pompas e circunstâncias, para o solo do Planalto Central.


Do blog: pjpontes.blogspot.com.br

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