
Há um ano, entre teorias da conspiração que
iam de razias entre grupos de poder até o assassinato do Sumo Pontífice, a
renúncia era comentada intra e extramuros, mas a Santa Sé pronto negava as especulações.
Há 598 anos um papa não renunciava

Contam as crônicas da época que Gregório
XII, antes de renunciar, negociou a permanência de dezenas de parentes (ou
vocês achavam que o nepotismo foi invenção dos políticos?) que espalhara pelos
mais diversos ramos do alcance papal.
Antes de Gregório XII pelo menos seis papas
abdicaram, alguns por desavenças internas, outros por conspirações externas e,
sacrilégio, teve Benedito IX que vendeu o pontificado.
Pior: um ano depois de receber o dinheiro,
voltou a se fazer papa. Poderia ser pior? Sim, um mês depois vendeu o trono
pela segunda vez. A essa altura as sementes do Grande Cisma já estavam semeadas
e mais de um papa reinava, cada um excomungando a porção de fiéis que não se
sujeitava a sua prelazia. Somando o total de excomungados por cada papa o
resultado era toda a população europeia, o que fez as casas reais se juntarem
para por fim à confusão, ou ninguém iria para o céu.
> Gesto de desprendimento exemplar

Apartados os méritos, confessáveis e
inconfessáveis, da renúncia, Bento XVI demonstrou desprendimento exemplar.
A hierarquia da Santa Sé e o regime do
Vaticano são absolutos. O papa tem a prerrogativa da infalibilidade. Detém
domínio e respeito transnacional. Abrir mão desse poder, que seria seu até a
morte, é a mais perfeita tradução do lava-pés.
> A Sede Vacante

Ato contínuo, destruirá o selo de Bento VXI
com o Martelo de Prata demarcando o fim da sua autoridade papal. Finalmente, o
Carmelengo notificará a Cúria Romana e o Decano do Colégio dos Cardeais que
serão iniciados os preparativos para o conclave que elegerá o novo papa.
Há exatos 598 anos isso não acontecia com
um papa ainda vivo.
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