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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

AMAZÔNIA

AMAZÔNIA NO NEW YORK TIMES

O New York Times publicou há uma semana reportagem sobre as cidades brasileiras que dobraram suas populações na última década. Das dezenove citadas, dez estão na Amazônia, com destaque para Parauapebas e Altamira consideradas matrizes de novos projetos industriais. O jornal americano diz que Parauapebas saiu, em dez anos, de uma obscura fronteira de garimpeiros (onde havia até tiroteios) para uma área de expansão urbana com direito a Shopping Center com ar condicionado e condomínios fechados por causa de uma mina de minério de ferro a céu aberto que oferece milhares de empregos. A principal preocupação, é claro, está no desmatamento da região apontado como “uma das maiores contribuições para a estufa global e a emissão de gases”.

Dias após essa publicação, o governo brasileiro divulgou a queda nos índices de desmatamento da região: caíram 27% em relação ao ano passado. O NYT pode se acalmar, pois o fantasma da destruição irresponsável da região começa a desaparecer.

Eu insisto em dizer que a maioria das pessoas que falam ou escrevem sobre a Amazônia – e até o fazem de boa fé – não conhece a região. Cada pedaço de cada microrregião tem sua própria estrutura geológica. Nada aqui é uniforme. Na última campanha, eu percorri quase todo o Estado e fiquei surpreso em ver o crescimento e a modificação da paisagem de muitas cidades. Tudo por causa do fator econômico. Umas crescem bem e outras crescem desordenadamente, por isso é tão fundamental a aplicação do Zoneamento Ecológico e Econômico. Hoje a Amazônia tem aproximadamente 25 milhões de habitantes, uma parcela considerável da população brasileira. Então, a visão de que a Amazônia é um grande vazio demográfico onde qualquer intervenção econômica é pecado, é um discurso atrasado. O que deve ser feito é a conciliação entre a ocupação com visão econômica e a preocupação com a ecologia. Não se pode mais negar que melhorou muito a qualidade de vida das populações como as de Tucuruí, Juruti, Oriximiná, Itaituba, Marabá, Santarém, Ourilândia, Tucumã, Paragominas, Canaã dos Carajás e outros tantos municípios onde o desenvolvimento chegou com a implantação de projetos para exploração de recursos minerais e hidroenergéticos. Sem falar na perspectiva real de crescimento dos municípios do Vale do Acará, os do nordeste paraense e ainda de Rondon do Pará que deve ser em breve o município mais próspero do Estado. É claro que essa expansão é um chamariz para populações mais pobres, principalmente do Nordeste brasileiro. Muitas vezes o crescimento da população é maior que a oferta de empregos e as demandas são ampliadas rapidamente. Crescem as cidades, mas crescem os problemas.

As políticas de crescimento regional do governo federal, das agências de desenvolvimento e da universidade devem ser voltadas para o processo migratório e de ocupação para ajudar nos planejamentos municipal, econômico e setorial. Olhar para o futuro e ver as consequências. Se Altamira cresce em razão de Belo Monte, e a população festeja o crescimento, cresce também o aluguel, a demanda por habitação, saúde, segurança, educação e infraestrutura. A população chega na frente, e as autoridades públicas não podem se atrasar ou se isentar da responsabilidade com o equilíbrio entre homem e meio ambiente. Se o New York Times está preocupado e faz notícia da sua preocupação, nós aqui devemos estar mais preocupados ainda em preparar a Amazônia para render boas notícias pelo mundo.

A solução dos problemas amazônicos precisa muito mais do que orações. As preces ajudam, e muito, a solucionar os problemas na vida, mas é preciso ação e atitude também. A queda no desmatamento é um bom indício de que já existe por aqui consciência sobre o aproveitamento racional das riquezas naturais.

JADER BARBALHO
*Texto originalmente publicado no Jornal Diário do Pará no dia 02 de Dezembro de 2012.

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