LIBERTINOS E ESTROINAS
Quando da realização da Copa de 214, fui
criticado por ter sido contra o Brasil sediar o evento. Preferia que os R$ 28
bilhões gastos fossem totalmente investidos em infraestrutura de base.
Os ingênuos sugeriam que o saque era
investimento e que, no mínimo, a publicidade da Copa seria propaganda
“gratuita” do Brasil alhures, o que aumentaria o fluxo turístico.
O único fluxo turístico que aumentou foi o
dos argentinos (300% em relação a 2014), mas não por causa da Copa de 2014 e
sim porque o dólar chegou a R$ 4, fazendo com que o real já acumule 20% de
desvalorização em relação ao peso argentino, o que me faz repisar a opção de
que jogamos R$ 28 bilhões em terra que goleiro pisa, onde nem grama nasce.
Mas não nos bastou a Copa de 2014: a mesma
irresponsabilidade fiscal se repete com as Olimpíadas, que custarão ao Brasil
R$ 36,7 bilhões, dos quais 57%, ou R$ 20,9 bilhões serão sacados contra o
erário.
Mas o Brasil, com certeza, será, de novo,
notícia positivo mundo afora, o que reforça a nossa opção pela burrice. Se o
nosso negócio é ser notícia positiva, com 5% disso pagos às grandes redes
mundiais, venderemos que Jesus Cristo nasceu em Belém, do Pará, e que Deus é,
mesmo, brasileiro.
E na Copa do Mundo as sedes se espalharam,
enquanto que nas Olimpíadas de 2016, as tais obras de legado (investimentos em
transporte e urbanização) serão erigidas apenas no estado do Rio de Janeiro.
E no meio dos bilhões, no final de
novembro, o governo federal e o estado do Rio de Janeiro resolveram colocar
mais R$ 460 milhões na conta das respectivas viúvas, combinando dividir o custo
de energia elétrica a ser usada nos 17 dias do evento. A tunga no erário
federal será de R$ 300 milhões e no estadual R$ 160 milhões.
Como o governador do Rio de Janeiro não
conseguiu aprovar o projeto autorizativo na Assembleia Legislativa do Rio, quer
passar a totalidade da conta para a Dona Dilma. O que são R$ 460 milhões para
quem já gastou bilhões?
Enquanto
isso, paciente com câncer, no SUS, tem que buscar a Justiça para conseguir
um remédio que custa R$ 20 mil, 40% dos domicílios nacionais não são servidos
por rede de esgoto sanitário (PNAD 2014) e o Ministério da Educação perdeu R$
10,5 bilhões do seu orçamento em 2015.
Disse o oficial francês François
Rochebrune, que “o libertino dissipa a vida, como o estroina dissipa o ouro”.
Embora a reciproca não seja verdadeira, o estroina é um libertino: é nessa
categoria que o Brasil se insere, com a insensatez dos seus governantes.
Ω Parsifal Pontes
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