ÁREA DE RESERVA PERMANENTE QUE SERVIA DE
DEPÓSITO DE LIXO EM URUARÁ É OCUPADA POR CERCA DE 80 FAMÍLIAS SEM TETO
Cerca de 80 famílias ocuparam uma área na
zona leste da cidade de Uruará (PA) próximo ao bairro progresso III. Pelo menos
seis casas de madeira já foram construídas e dezenas de terrenos já foram cercadas.
Segundo Denis Charles da Silva Rodrigues, da
Travessa 2 do Bairro Progresso III, bairro próximo a área da invasão, há pelo
menos dois meses as pessoas estão ocupando a área. “Eles estão limpando há 60
dias mais ou menos. Não sou a favor de invasão, mas, esta área é abandonada,
cheia de lixo, esconderijo de bandido e, precisa de cuidados”, informou.
Outro morador do bairro Progresso, João
Batista disse que a área é cheia de lixo e mato, oferecendo risco aos
moradores. “Aqui é uma juquira, com animais peçonhentos, e, as crianças são as
mais prejudicadas. Ninguém sabe de quem é esta área. Se aqui houvesse uma
proprietário, a área era cuidada, cercada, limpa... Aaqui só tem lixo e muito perigo”,
falou.
As famílias dizem não saber a quem pertence
a área invadida, sendo um local utilizado para despejo de lixo, madeira
descartada e animais mortos, que agora está ficando limpa com a ação do
movimento de ocupação. De acordo com informações de alguns dos integrantes do
movimento, como é o caso de Naldo Conceição, as famílias estão decididas a não
saírem da área. “Estou tentando fazer uma casa para mim. Vivo de aluguel e,
como está muito caro, quero apenas uma moradia, sair do aluguel. Comigo tem
várias famílias. Não pretendemos sair daqui”, informou.
Sueli de Souza, mãe de cinco filhos, disse
que vai construir uma casa na área. “Numa casa de aluguel onde moro, além dos
filhos, tem minha mãe que é cadeirante, uma filha separada do marido com seus dois
filhos, que são meus netos, tudo numa casa de aluguel. Decidimos vir aqui
construir esta casinha para sairmos do aluguel”, explicou.
Segundo a cartorária Ivone Dal Ponte, a
área é de Reserva Permanente e está localizada entre o Bairro Progresso III e
uma serraria madeireira. “Aqui no cartório de imóveis, temos o mapa pelo
loteador uma área de Reserva Permanente, limitando entre a Serraria, o bairro
Progresso III, o bairro Nova Uruará, a Avenida Franscisco Milanski (conhecida
como Rua das Mangueiras). Inclusive nesta área, consta no mapa, um igarapé ‘sem
denominação’ com vegetação, o que não dá direito a ninguém usufruir esta área”,
explicou.
Pelo Poder Judiciário e Ministério Público Estadual,
nenhuma denúncia foi formalizada sobre este caso, quanto aos órgãos competentes,
até o momento não se manifestaram sobre o assunto.
O grande déficit de moradia que se agrava
com o êxodo rural e demarcação da Terra Indígena Cachoeira Seca, motiva
famílias com dificuldades em pagar o aluguel de moradia cada vez mais caro em
face a falta de geração de empregos no município a procurarem um local onde
possam construir um local de moradia para abrigar seus filhos, como é o caso
citado.
Reportagens de Cirineu Santos e Joabe Reis
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