Os assassinatos de jornalistas não são os
únicos ataques à liberdade de informação. O Brasil apresenta um nível de
concentração midiática que contrasta fortemente com o potencial de seu
território e a extrema diversidade de sua sociedade civil
A organização sediada em Paris, Repórteres
Sem Fronteiras (RSF), lança nesta quinta (24) um relatório inédito de 28
páginas contendo informações sobre a liberdade de imprensa no Brasil. O
levantamento foi realizado em três etapas – Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília
- no mês de novembro pelo diretor responsável da entidade pelas Américas,
Benoit Hervieu.
Intitulado “O país dos trinta Berlusconi:
os desequilíbrios mediáticos do gigante sul-americano” o relatório enfoca a
questão da violência no país anfitrião da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas
2016, a concentração dos meios de comunicação na mão de grandes famílias e as
censuras recentes a blogs. Leia também:- “Um dia nos acusam de ajudar a CIA, no
outro de ajudar terroristas”, diz diretor da RSF.
“O país conta com uma profusão de meios de
comunicação regionais, fragilizados devido à sua extrema dependência para com
os centros de poder dos distintos estados. Quer a imprensa escrita quer a mídia
audiovisual se mantêm sob a tutela financeira das instituições ou organismos
públicos”, ressalta Hervieu sobre a concentração de veículos na mão de grandes
grupos familiares.
Outra observação de Hervieu está
relacionada à morte de jornalistas no país. “O ano de 2012 deixou a profissão
de luto, com cinco jornalistas e blogueiros assassinados, colocando o Brasil no
quinto lugar dos países mais mortíferos”. Outro obstáculo à liberdade de
informação destacado pelo relatório é a censura contra O Estado de São Paulo e
a jornalistas independentes na web.
O relatório também fala sobre “a mordaça
judicial” que cada vez mais afeta a web e a blogosfera nacional. “Ainda no
plano legislativo, a questão de uma nova lei de imprensa mobiliza tanto como
divide, desde a revogação da lei de 9 de fevereiro de 1967, herdada do regime
militar, que castigava com a cadeia os jornalistas recalcitrantes e impunha aos
conteúdos editados ou difundidos um controle prévio”.
Em sua conclusão, o relatório da entidade
define o Brasil entre as cinco nações mais mortíferas para jornalistas no
mundo. “Mas os assassinatos não são os únicos ataques à liberdade de
informação. O Brasil apresenta um nível de concentração mediática que contrasta
fortemente com o potencial de seu território e a extrema diversidade de sua
sociedade civil”, destaca Hervieu.
Jornalistas
mortos no Brasil segundo relatório da RSF:
2012 : 5
2011 : 3
2010 : 1
Posição
do Brasil na classificação mundial da “Liberdade de Imprensa 2011/2012”
99° em 179 países.
Do Blog: Manuel Dutra
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