CENTENAS DE FAMÍLIAS LUTAM PARA
PERMANECEREM EM SUAS TERRAS QUE FICARAM DENTRO DA TI CACHOEIRA SECA
Prejudicados pela criação da TI Cachoeira
Seca pedirão anulação do Decreto que homologou a área indígena
Por: Cirineu Santos e Joabe Reis
Area da demarcada |
Ao longo dos anos as populações dos
municípios de Uruará (PA), Altamira (PA) e Placas (PA) vêm enfrentando a
vontade do governo federal de criar a reserva indígena denominada Cachoeira
Seca, que abrange os territórios dos três municípios citados, o que acabou ocorrendo
após 3 décadas de embate, quando foi assinado pela presidente Dilma o decreto
que homologa a TI Cachoeira Seca, decreto este publicado no Diário Oficial da
União no dia 5 de abril de 2016.
O fato é que os produtores rurais foram
pegos de surpresa com a homologação da TI Cachoeira Seca e estes ainda não
absorveram o GOLPE do ato precoce presidencial. Pela maneira como reagem as
famílias, estas não irão engolir indigesto bolo preparado por desconhecedores
da realidade local.
Melânia Gonçalves durante entrevista ao Programa Regional Comunidade da Rádio Regional 91.3 FM da cidade de Uruará (PA |
De acordo Melânia da Silva Gonçalves,
presidente da Associação dos Extrativistas do Rio Iriri, os agricultores foram
pegos de surpresas. “Não estávamos esperando que esta homologação acontecesse
agora. Fomos pegos de surpresa. Nossa expectativa é de que a reserva fosse do
Olhões pra cima, após o Rio Iriri, e não da forma como eles fizeram.
Esperávamos que houvesse a redução de área. Assim, o Governo Federal prejudicou
mais de 1.300 famílias. Todos os agricultores estão revoltados, um sentimento
inexplicável. Não pensaram nas famílias. Não vamos nos acomodar”, disse.
O decreto que homologou a referida terra
indígena foi assinado sem que a presidência da república tivesse ciente das
famílias de homens brancos (não índios) que vivem dentro da área demarcada,
famílias estas que contribuem para a sociedade produzindo alimento em suas
terras há quase quatro décadas. Sem o conhecimento de valor em dinheiro que
terá que gastar com ações indenizatórias das cerca de 1.300 famílias que moram
na área, bem como outra área igualmente produtiva para o reassentamento dessas
famílias, que ainda não existe, e também não mensurou os impactos sociais que
podem implicar a homologação da TI da maneira como está demarcada. Como bem
dizem os moradores da área em questão, não se discute a criação da reserva
indígena, se reivindica que a demarcação seja refeita de maneira de que não
abrange área já antropizada que é produtiva e responde por cerca de 35% da
produção agropecuária, por exemplo, do município de Uruará, município mais
afetado.
Logo após a homologação da Terra Indígena
Cachoeira Seca uma comissão formada por representantes da sociedade uruaraense
esteve em Brasília (DF) onde foi recebida por representantes da Casa Civil, quando
o governo informou para a comissão que a mesma tem 120 dias para recorrer da
decisão do governo de homologar a referida TI e pedir a anulação do ato, como
informou Malânia Gonçalves. “O governo nos deu um prazo de 120 dias para
entrarmos com uma ação anulatória, e nós já estamos providenciando isto através
de advogado, e vamos recorrer. Vamos também pressionar e cobrar do MPF que só
olhou para um lado e esqueceu ver o nosso lado, ele (MPF) tem uma grande
responsabilidade nisso tudo, já que pressionou o governo para homologar a terra
indígena”, afirmou.
Uma reunião para discutir o assunto e as
medidas a serem tomadas será realizada uma reunião no domingo (17 de abril) na
Casa de Apoio aos Extrativistas, situada no Bairro Jardim Morumbi, na zona
oeste da cidade de Uruará. “Não podemos e não iremos sair das nossas
propriedades, vamos lutar por elas”, disse a presidente.
A homologação da Terra Indígena (TI)
Cachoeira Seca foi publicada na terça-feira, dia 5 de abril, no Diário Oficial
da União. A TI Cachoeira Seca, abrange os municípios paraenses de Altamira,
Placas e Uruará e deve prejudicar cerca de 1300 famílias de produtores rurais,
em torno de 5 mil pessoas.
O prejuízo para a sociedade ainda não foi mensurado, mas de acordo com o movimento contrário a homologação da Terra Indígena, é de proporção gigantesca.
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