FACULDADES IRREGULARES ESTÃO SOB
INVESTIGAÇÃO NO OESTE DO PARÁ
Há quase um mês o Ministério Público
Estadual (MPE) está investigando a atuação de faculdades irregulares no oeste
do Pará. A investigação iniciou a partir de denúncias feitas ao Programa de
Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), por alunos que se sentiram lesados. A
promessa feita pelas instituições é de ofertar cursos de ensino superior, no
entanto, os diplomas fornecidos não têm validade alguma. Após ouvir uma série
de denúncias, e organizar documentos com provas, o órgão encaminhou o dossiê ao
MPE, que está no encalço das pessoas responsáveis pelo golpe. O Ministério
Público Federal (MPF) também atua no caso.
As denúncias começaram a se acentuar quando
o Procon começou a percorrer os municípios do interior do oeste do estado. Até
então, acreditava-se que a pior parte dos crimes acontecia em Santarém. “Com a
interiorização promovida pela prefeitura, o Procon começou a realizar essas
ações em outros municípios. A notícia se espalhou, e muita gente denunciou as faculdades”,
conta o advogado do Procon, Wagner Colares. Até agora, mais de 200 vítimas já
procuraram o órgão para denunciar o esquema.
A encenação feita pelos grupos criminosos é
para não levantar o mínimo de suspeita. Toda a documentação é falsificada, incluindo
papeis timbrados e carimbos. Salas comerciais são alugadas, e o pessoal
contratado realiza tudo como se não fosse uma ação ilegal, só de fachada. Até
festas de formaturas são organizadas pelas faculdades.
“Essas pessoas vão nas comunidades mais afastadas
dos municípios, e vendem cursos alegando serem de nível superior. Na verdade
esses cursos não têm autorização nenhuma para funcionar. Elas aproveitam um
nome que existe no mercado. A falta de informação faz com que essas pessoas
acreditem nessas propostas”, explica o promotor público estadual Túlio Novaes.
Ele credita à carência da rede pública de ensino, e também da particular, que
não chegam às comunidades mais distantes, a expansão das faculdades
irregulares.
Fiscalizações
Vários órgãos têm o dever de fazer a
fiscalização nos municípios, incluindo o Ministério Público, as secretarias e
os conselhos de educação. Para qualquer curso de ensino se estabelecer, é
necessária uma autorização. Às vezes, as instituições se instalam sem nenhuma
permissão. Outras, a autorização é dada com base na documentação falsa. Todos
os municípios do oeste do Pará estão sob investigação.
Os professores dessas faculdades também
podem ser enquadrados no golpe. “Se ele é uma pessoa que constantemente está
participando das atividades da entidade, ele já tem condição de saber que
aquilo ali é golpe, ele não vai poder alegar boa fé, e vai ser enquadrado”,
esclarece Novaes.
O esquema é tão bem orquestrado, que até
prefeituras acabam contratando as pessoas formadas por essas instituições, sem,
ao menos, confirmar a validade dos certificados. “Não é feita nenhuma triagem
da validade dos diplomas, e acabam contratando como técnicos em nível superior
para exercer algumas funções públicas”, revela o promotor.
Punições
Os responsáveis pelos golpes vão responder
cível e criminalmente, após serem identificados. Além dos problemas que geram
lesão grave às relações de consumo, os autores das práticas ilegais podem
responder por estelionato, apropriação indébita e falsidade ideológica.
A dor de cabeça maior será para recuperar o
dinheiro investido. É preciso ingressar com uma ação na justiça, com advogado
particular, ou pela defensoria pública, para tentar reaver o investimento. Ou
aguardar a atuação do Ministério Público, que deve solicitar a condenação das
pessoas envolvidas em danos morais coletivos e a indenização para os
consumidores lesados. As mensalidades pagas pelos alunos giram em torno de R$
300.
A
quem recorrer
O consumidor deve ficar bastante atento quando
for se matricular em uma faculdade. Basicamente, todo esquema opera do mesmo
modo. Geralmente as pessoas envolvidas se instalam no município, ou comunidade,
de forma rápida, prometem inúmeras vantagens, fazem publicidade excessiva e,
dependendo da situação, sempre mudam o nome da instituição. Quando desconfiam
de algo, geram outro nome para continuar com o golpe. E, assim, mais vítimas
são lesadas.
“Se ele [consumidor] tiver a informação de
que não tem validade, ele vai logo na polícia e faz uma ocorrência, porque
aquilo é golpe. Ou pode procurar o próprio Ministério Público, ou a Secretaria
de Educação. Todas essas autoridades podem ser avisadas”, diz o promotor.
Do G1 Santarém
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