O projeto que prometia ser um dos mais
ousados do cinema brasileiro, programado para iniciar as gravações já este ano,
foi adiado e ainda não possui data para voltar a ser produzido. O longa “Serra
Pelada”, dirigido por Heitor Dhalia, estava previsto para ser filmado a partir
de julho, mas problemas com o orçamento do filme – que não levou em
consideração as dimensões continentais do Pará e as dificuldades da região sul
do Estado, onde fica o garimpo - , são apontados como os principais motivos do
adiamento.
Com roteiro de Vera Egito, estão escalados
para protagonizar o filme a dupla Daniel de Oliveira e Wagner Moura – que
também atua como coprodutor. Na história, ambientada na década de 1980, Joaquim
e Javier chegam à Floresta Amazônica e se tornam amigos e compartilham seus
sonhos. Mas a dureza da mineração e a ganância dos homens destruirão essa
amizade. O enredo se passa logo após o início da “febre do ouro” iniciada na
década anterior, quando a região conhecida como Serra Pelada, localizada no
município de Curionópolis, se torna o maior garimpo a céu aberto do mundo e que
atrai milhares de homens em busca do sonho da riqueza instantânea.
Em entrevistas à imprensa, Heitor Dhalia
garantiu que cerca de 30 pessoas estavam trabalhando no Pará - a maior parte
será dispensada. A assessoria da ParanoidBR Filmes confirmou as informações,
mas disse que o diretor ainda não vai se pronunciar sobre a paralisação.
Segundo a equipe, o longa está em fase de pré-produção avançado e logo deve
voltar a ser filmado. A assessoria afirmou também que um dos problemas é a
agenda de Wagner Moura -o ator estaria comprometido com outros trabalhos em
setembro. Uma das hipóteses é que “Serra Pelada” seja gravado entre os meses de
outubro e novembro longe do Pará, na cidade de Mogi das Cruzes, em São Paulo.
A película vai enaltecer um período da
história brasileira em que o garimpo representava a salvação para mais de 50
mil homens. Esta realidade vem à tona quase 20 anos depois de o governo fechar
a mina para exploração manual. Recentemente, uma empresa de mineração canadense
anunciou uma parceria com a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra
Pelada e conquistou a permissão para explorar a área.
Os primeiros levantamentos feitos em uma
parte do terreno que mede em torno de 100 hectares indicaram a presença de
cerca de 50 toneladas do metal. A expectativa dos garimpeiros é que o volume
seja bem maior, já que a própria mineradora informou que o potencial de novas
descobertas na propriedade é elevado.
Nos tempos áureos, o ouro retirado deveria
ser vendido exclusivamente à Caixa Econômica Federal. Na época, foram extraídas
cerca de 40 toneladas do metal precioso, sem contar o que foi vendido
clandestinamente. O grande buraco que os trabalhadores cavaram é hoje um lago
com mais de 100m de profundidade.
Como consequência do adiamento, o filme
poderá estar fora do festival de Cannes de 2013, como era da vontade de seu
idealizador. Orçado em quase R$ 12 milhões, o longa surge na carreira de Heitor
depois de uma passagem de sucesso por Hollywood, onde dirigiu o filme “12
Horas”, em que trabalhou com estrelas norte-americanas como Amanda Seyfried.
Nascido em Recife, o diretor fez carreira
na O2 Filmes, produtora de Andrea Barata Ribeiro, Fernando Meirelles e Paulo
Morelli. Aos 42 anos, Heitor Dhalia comanda a própria empresa e possui no
currículo alguns sucessos como Nina (2004), O Cheiro do Ralo (2007) e À Deriva
(2009).
(Diário do Pará)
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