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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

INVASÃO DE APP EM URUARÁ

ÁREA DE RESERVA PERMANENTE QUE SERVIA DE DEPÓSITO DE LIXO EM URUARÁ É OCUPADA POR CERCA DE 80 FAMÍLIAS SEM TETO

Cerca de 80 famílias ocuparam uma área na zona leste da cidade de Uruará (PA) próximo ao bairro progresso III. Pelo menos seis casas de madeira já foram construídas e dezenas de terrenos já foram cercadas.

Segundo Denis Charles da Silva Rodrigues, da Travessa 2 do Bairro Progresso III, bairro próximo a área da invasão, há pelo menos dois meses as pessoas estão ocupando a área. “Eles estão limpando há 60 dias mais ou menos. Não sou a favor de invasão, mas, esta área é abandonada, cheia de lixo, esconderijo de bandido e, precisa de cuidados”, informou.

Outro morador do bairro Progresso, João Batista disse que a área é cheia de lixo e mato, oferecendo risco aos moradores. “Aqui é uma juquira, com animais peçonhentos, e, as crianças são as mais prejudicadas. Ninguém sabe de quem é esta área. Se aqui houvesse uma proprietário, a área era cuidada, cercada, limpa... Aaqui só tem lixo e muito perigo”, falou.

As famílias dizem não saber a quem pertence a área invadida, sendo um local utilizado para despejo de lixo, madeira descartada e animais mortos, que agora está ficando limpa com a ação do movimento de ocupação. De acordo com informações de alguns dos integrantes do movimento, como é o caso de Naldo Conceição, as famílias estão decididas a não saírem da área. “Estou tentando fazer uma casa para mim. Vivo de aluguel e, como está muito caro, quero apenas uma moradia, sair do aluguel. Comigo tem várias famílias. Não pretendemos sair daqui”, informou.

Sueli de Souza, mãe de cinco filhos, disse que vai construir uma casa na área. “Numa casa de aluguel onde moro, além dos filhos, tem minha mãe que é cadeirante, uma filha separada do marido com seus dois filhos, que são meus netos, tudo numa casa de aluguel. Decidimos vir aqui construir esta casinha para sairmos do aluguel”, explicou.

Segundo a cartorária Ivone Dal Ponte, a área é de Reserva Permanente e está localizada entre o Bairro Progresso III e uma serraria madeireira. “Aqui no cartório de imóveis, temos o mapa pelo loteador uma área de Reserva Permanente, limitando entre a Serraria, o bairro Progresso III, o bairro Nova Uruará, a Avenida Franscisco Milanski (conhecida como Rua das Mangueiras). Inclusive nesta área, consta no mapa, um igarapé ‘sem denominação’ com vegetação, o que não dá direito a ninguém usufruir esta área”, explicou.

Pelo Poder Judiciário e Ministério Público Estadual, nenhuma denúncia foi formalizada sobre este caso, quanto aos órgãos competentes, até o momento não se manifestaram sobre o assunto.


O grande déficit de moradia que se agrava com o êxodo rural e demarcação da Terra Indígena Cachoeira Seca, motiva famílias com dificuldades em pagar o aluguel de moradia cada vez mais caro em face a falta de geração de empregos no município a procurarem um local onde possam construir um local de moradia para abrigar seus filhos, como é o caso citado.

Reportagens de Cirineu Santos e Joabe Reis

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