ÍNDIOS ANUNCIAM SAÍDA DE BELO MONTE, MAS
AMEAÇAM VOLTAR
Os índios que ainda ocupam o escritório do
principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a 55
quilômetros de Altamira (PA), prometem deixar o local nesta terça-feira (4)
para viajar a Brasília e se reunir com representantes do governo federal, disse
hoje (3) um dos líderes da manifestação indígena, Valdenir Munduruku.
“Todos vamos deixar o canteiro amanhã para
conversar com o governo federal, em Brasília. Dependendo da conversa, das
respostas do governo, vamos ver o que fazer”, afirmou Valdenir a Agência
Brasil. De acordo com Valdenir, os índios negociam com o governo levar à
capital federal ao menos 140 dos 150 índios que permanecem no canteiro Sítio
Belo Monte, ocupado há uma semana. O transporte aéreo do grupo vai ser custeado
pelo governo federal. A relação nominal dos índios, contudo, ainda não foi
entregue à representante do governo federal em Altamira, responsável por
coordenar a viagem.
Segundo Valdenir, se os índios não
considerarem satisfatório o resultado da reunião com representantes da
Secretaria-Geral da Presidência da República e dos ministérios da Justiça e de
Minas e Energia, canteiros de obras de Belo Monte poderão voltar a ser ocupados
nos próximos dias.
“Sabemos que o principal interesse do
governo é concluir as obras o mais rápido possível e que nossa posição atrapalha
isso, mas esperamos que atenda às nossas reivindicações. Queremos sair da
reunião com um bom resultado, com respostas concretas. Dependendo da conversa,
vamos voltar a ocupar, fazer outra manifestação para continuar lutando por
nossos direitos”, ameaçou Valdenir, explicando que um “outro grupo” indígena
que estava prestes a viajar para se juntar aos manifestantes que ocupam o
canteiro estará a postos, aguardando o resultado da reunião. “Conforme a
decisão que tomarmos, podemos pedir para estas pessoas seguirem para Altamira”.
A reunião com os índios foi a forma
encontrada pelo governo federal para tentar reduzir a tensão no empreendimento
e negociar a desocupação do canteiro. Inicialmente, os índios exigiam que um
representante do Poder Executivo fosse ao local negociar as reivindicações
indígenas. A principal delas é a suspensão de todos os empreendimentos
hidrelétricos na Amazônia até que o processo de consulta prévia aos povos
tradicionais, previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), seja regulamentado.
“Queremos que parem os estudos e as obras
até que haja um levantamento completo de tudo o que está sendo feito para só
então discutirmos essa regularização da consulta. Antes disso, há algumas
coisas que estão sendo feitas e que precisam ser corrigidas. Na área de Teles
Pires estão desenterrando os ossos de nossos antepassados e nenhuma providência
está sendo tomada”, declarou Valdenir.
Na última quinta-feira (30), os índios
aceitaram a proposta de enviar uma delegação a Brasília, desde que pudessem
permanecer no canteiro por mais alguns dias. Em contrapartida, o grupo permitiu
ao Consórcio Construtor Belo Monte retomar as obras, paralisadas por razões de
segurança.
Segundo a assessoria do consórcio, os
trabalhos começaram a ser retomados na sexta-feira (31) e a produção, hoje, já
está normalizada.
Informações da Agência Brasil
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