O New York Times publicou há uma semana
reportagem sobre as cidades brasileiras que dobraram suas populações na última
década. Das dezenove citadas, dez estão na Amazônia, com destaque para
Parauapebas e Altamira consideradas matrizes de novos projetos industriais. O
jornal americano diz que Parauapebas saiu, em dez anos, de uma obscura
fronteira de garimpeiros (onde havia até tiroteios) para uma área de expansão
urbana com direito a Shopping Center com ar condicionado e condomínios fechados
por causa de uma mina de minério de ferro a céu aberto que oferece milhares de
empregos. A principal preocupação, é claro, está no desmatamento da região
apontado como “uma das maiores contribuições para a estufa global e a emissão
de gases”.
Dias após essa publicação, o governo
brasileiro divulgou a queda nos índices de desmatamento da região: caíram 27%
em relação ao ano passado. O NYT pode se acalmar, pois o fantasma da destruição
irresponsável da região começa a desaparecer.
Eu insisto em dizer que a maioria das
pessoas que falam ou escrevem sobre a Amazônia – e até o fazem de boa fé – não
conhece a região. Cada pedaço de cada microrregião tem sua própria estrutura
geológica. Nada aqui é uniforme. Na última campanha, eu percorri quase todo o
Estado e fiquei surpreso em ver o crescimento e a modificação da paisagem de
muitas cidades. Tudo por causa do fator econômico. Umas crescem bem e outras
crescem desordenadamente, por isso é tão fundamental a aplicação do Zoneamento
Ecológico e Econômico. Hoje a Amazônia tem aproximadamente 25 milhões de
habitantes, uma parcela considerável da população brasileira. Então, a visão de
que a Amazônia é um grande vazio demográfico onde qualquer intervenção
econômica é pecado, é um discurso atrasado. O que deve ser feito é a
conciliação entre a ocupação com visão econômica e a preocupação com a
ecologia. Não se pode mais negar que melhorou muito a qualidade de vida das
populações como as de Tucuruí, Juruti, Oriximiná, Itaituba, Marabá, Santarém,
Ourilândia, Tucumã, Paragominas, Canaã dos Carajás e outros tantos municípios
onde o desenvolvimento chegou com a implantação de projetos para exploração de
recursos minerais e hidroenergéticos. Sem falar na perspectiva real de
crescimento dos municípios do Vale do Acará, os do nordeste paraense e ainda de
Rondon do Pará que deve ser em breve o município mais próspero do Estado. É
claro que essa expansão é um chamariz para populações mais pobres,
principalmente do Nordeste brasileiro. Muitas vezes o crescimento da população
é maior que a oferta de empregos e as demandas são ampliadas rapidamente.
Crescem as cidades, mas crescem os problemas.
As políticas de crescimento regional do
governo federal, das agências de desenvolvimento e da universidade devem ser
voltadas para o processo migratório e de ocupação para ajudar nos planejamentos
municipal, econômico e setorial. Olhar para o futuro e ver as consequências. Se
Altamira cresce em razão de Belo Monte, e a população festeja o crescimento,
cresce também o aluguel, a demanda por habitação, saúde, segurança, educação e
infraestrutura. A população chega na frente, e as autoridades públicas não
podem se atrasar ou se isentar da responsabilidade com o equilíbrio entre homem
e meio ambiente. Se o New York Times está preocupado e faz notícia da sua
preocupação, nós aqui devemos estar mais preocupados ainda em preparar a
Amazônia para render boas notícias pelo mundo.
A solução dos problemas amazônicos precisa
muito mais do que orações. As preces ajudam, e muito, a solucionar os problemas
na vida, mas é preciso ação e atitude também. A queda no desmatamento é um bom
indício de que já existe por aqui consciência sobre o aproveitamento racional
das riquezas naturais.
JADER BARBALHO
*Texto originalmente publicado no Jornal
Diário do Pará no dia 02 de Dezembro de 2012.
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