Por: Cirineu Santos e Karen de Oliveira
Fotos: Arquivos pessoais dos pioneiros e Cirineu Santos
Colaboração: Eliel Santos e Valdecir do Blog Uruará em Foco
Dia 27 de Setembro a
Rodovia Transamazônica BR 230, completou 40 anos. Amanhã dia 29, em Uruará,
pioneiros da região estarão comemorando o aniversario da vitória.
Abertura da Rodovia na década de 70 |
Uma estrada para ser vista
da Lua. 4.000 quilômetros de moto na maior Floresta Tropical do Mundo. A Polêmica
Transamazônica. Histórias de garimpo, índios hostis, assaltos em cabeceiras de
pontes, animais selvagens, o sul do Amazonas berço das onças. A recompensa?
Poder estar lá.
Pioneiros |
A Rodovia Transamazônica
(BR-230) foi projetada pelo general Emílio Garrastazu Médici sendo uma das
chamadas "obras faraônicas devidas as suas proporções gigantescas,
realizadas pelo regime militar Médici, empolgado com o arranque da economia,
criou um projeto faraônico: a transamazônica. A rodovia deveria ser pavimentada
com 8 mil quilômetros de comprimento, conectando as regiões Norte e Nordeste do
Brasil, além do Peru e do Equador.
Abertura da Rodovia na década de 70 |
É classificada como rodovia transversal e foi “inaugurada” em 27 de setembro de 1972. Nesse dia o governo preparou uma grande solenidade no meio da selva amazônica, algo que marcasse a história do País. Na manhã daquele dia, o presidente da República, o general Médici, iniciaria a ligação do Brasil do Norte ao Nordeste, inaugurando a Transamazônica. Uma Castanheira foi derrubada na cerimônia de inauguração. O tronco da Castanheira existe até hoje em Altamira.
Família do pioneiro Elias |
Este era o projeto das terras sem homens para
homens sem terra pretendia atrair para a região dois milhões de colonizadores. A Transamazônica parecia ser a grande solução do
país. Ajudaria a tirar as pessoas da seca do nordeste, resolveria a situação
agrária no sul e frearia uma provável internacionalização da Amazônia tudo de
uma vez.
VEJA O DEPOIMENTO DE
ALGUNS PIONEIROS NA ÉPOCA OS QUAIS FALARAM AO REPÓRTER CIRINEU SANTOS E KAREN
DE OLIVEIRA SOBRE suas lutas e conquistas que alcançaram durante os 40 anos
nesta região:
Pioneiro Zé Moreno |
JOSÉ NASCIMENTO FILHO – ZÉ
MORENO: Vim do Estado de Ceará, com toda a família. Filhos pequenos; cheguei
aqui em Uruará como antes era chamado de km 180 e, não tinha nada, o que tinha
era só mata e um trechinho da transamazônica. Não tinha transporte, as
promessas que foram feitas pelo INCRA não foram cumpridas. Prometeram casa e
outras coisas... Foi um período muito sofrido!
Assim que chegamos aqui
era muita chuva. Ninguém sabia onde era o pôr-do-sol. Toda hora chovia. Tive
que ficar na base do tapiri, tipo uma toca de índio. Para comprar comida tinha
que ser em Altamira. Gastava 16 dias para chegar lá.
Primeiras Safras de Arroz |
A luta foi grande, e então
inventemos um barraquinho para ser uma escola, que é no terreno da Escola
Melvin Jones, e foi aí que começou a história da escola. Esperamos trinta anos
pela energia elétrica, antes era só na base da lamparina.
Igreja Católica comunidade renunida |
Mesmo com todas as
dificuldades conseguimos nos adaptar; acostumar com aquela situação. Ainda
existe gente para reclamar. Chegaram há cinco ou dez anos de Uruará e reclamam.
Mais não faz a ideia do meu tempo. O Incra queria que a gente ficasse em Anapu,
mais lá estava dando uma doença de malária que matava até macaco.
Hoje estou muito feliz de
ter vencido, e sei que valeu apena de ter enfrentado tudo isso.
Pioneiro Elias Alves |
ELIAS ALVES DE SOUZA:
cheguei em 22 de Outubro de 1972. Não foi fácil. A cada 30 dias recebíamos um
salário para ajudar a se manter, e para receber este dinheiro tinha que ir até
Altamira que era outra dificuldade. A nossa proposta era receber a terra de 100
hectares, uma casa, três hectares feitos com maquina em roda, seis meses de
salário, e o que foi entregue foi só a terra e o salário.
Plantação de Arroz |
Na minha chegada enfrentamos
muitas barreiras. A noite eu e meu filho revezava, quando eu dormia ele ficava
acordado vigiando o barraco por causa das onças e outros bichos que ficavam em
redor.
Muitas promessas não foram
cumpridas, mais eu consegui o que queria que era a terra, e hoje eu e minha
falia estamos feliz. Vi este município e esta região crescer.
Pioneiro Antonio Mineiro |
ANTÔNIO JOSÉ MARIA - CONHECIDO
COMO ANTÔNIO MINEIRO: Consegui vencer os obstáculos, pois muitos colegas não
tiveram sorte, voltaram quando se deparam com a situação da transamazônica. Foi
muito sofrimento e hoje me sinto um homem realizado.
Primeira Escola Melvin Jones |
Vim com a minha família. Não
tinha estudo, quando os meus filhos foram estudar já eram adultos. A primeira
professora era a dona Lenira, esposa do Sr. Pedro Birro e através daí começou a melhorar. Com relação a
saúde era só em Altamira. O primeiro padre foi o Conrrado junto com a irmã
Terezinha.
Lembro-me daquela época,
só a floresta e a Transamazônica frente a minha casa, hoje tem asfalto, uma
bela paisagem... Lamento pelos companheiros que não puderam alcançar este
sonho.
Pioneiro Adão Alves |
ADÃO ALVES DOS SANTOS: tinha
um slogan chamado integrar para não entregar. Somos pioneiros, desbravadores,
como soldados. Todos passamos necessidades. Quando chegamos aqui fui morar
debaixo de um barranco. Os primeiros professores tinha apenas, alguns deles, o primário,
mais se esforçavam para alfabetizar as crianças. Fizemos um campinho e
jogávamos bola com os amigos.
Muita dificuldade. Sem estrada,
sem saúde... Mas conseguimos colonizar a Transamazônica. Hoje sou feliz aqui.
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