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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

TRANSAMAZÔNICA - 40 ANOS

TRANSAMAZÔNICA COMPLETA 40 ANOS DE COLONIZAÇÃO

Por: Cirineu Santos e Karen de Oliveira
Fotos: Arquivos pessoais dos pioneiros e Cirineu Santos
Colaboração: Eliel Santos e Valdecir do Blog Uruará em Foco

Dia 27 de Setembro a Rodovia Transamazônica BR 230, completou 40 anos. Amanhã dia 29, em Uruará, pioneiros da região estarão comemorando o aniversario da vitória.

Abertura da Rodovia na década de 70
Uma estrada para ser vista da Lua. 4.000 quilômetros de moto na maior Floresta Tropical do Mundo. A Polêmica Transamazônica. Histórias de garimpo, índios hostis, assaltos em cabeceiras de pontes, animais selvagens, o sul do Amazonas berço das onças. A recompensa? Poder estar lá.

Pioneiros
A Rodovia Transamazônica (BR-230) foi projetada pelo general Emílio Garrastazu Médici sendo uma das chamadas "obras faraônicas devidas as suas proporções gigantescas, realizadas pelo regime militar Médici, empolgado com o arranque da economia, criou um projeto faraônico: a transamazônica. A rodovia deveria ser pavimentada com 8 mil quilômetros de comprimento, conectando as regiões Norte e Nordeste do Brasil, além do Peru e do Equador. 

Abertura da Rodovia na década de 70

É classificada como rodovia transversal e foi “inaugurada” em 27 de setembro de 1972. Nesse dia o governo preparou uma grande solenidade no meio da selva amazônica, algo que marcasse a história do País. Na manhã daquele dia, o presidente da República, o general Médici, iniciaria a ligação do Brasil do Norte ao Nordeste, inaugurando a Transamazônica. Uma Castanheira foi derrubada na cerimônia de inauguração. O tronco da Castanheira existe até hoje em Altamira.

Família do pioneiro Elias
Este era o projeto das terras sem homens para homens sem terra pretendia atrair para a região dois milhões de colonizadores. A Transamazônica parecia ser a grande solução do país. Ajudaria a tirar as pessoas da seca do nordeste, resolveria a situação agrária no sul e frearia uma provável internacionalização da Amazônia tudo de uma vez.

VEJA O DEPOIMENTO DE ALGUNS PIONEIROS NA ÉPOCA OS QUAIS FALARAM AO REPÓRTER CIRINEU SANTOS E KAREN DE OLIVEIRA SOBRE suas lutas e conquistas que alcançaram durante os 40 anos nesta região:

Pioneiro Zé Moreno
JOSÉ NASCIMENTO FILHO – ZÉ MORENO: Vim do Estado de Ceará, com toda a família. Filhos pequenos; cheguei aqui em Uruará como antes era chamado de km 180 e, não tinha nada, o que tinha era só mata e um trechinho da transamazônica. Não tinha transporte, as promessas que foram feitas pelo INCRA não foram cumpridas. Prometeram casa e outras coisas... Foi um período muito sofrido!

Assim que chegamos aqui era muita chuva. Ninguém sabia onde era o pôr-do-sol. Toda hora chovia. Tive que ficar na base do tapiri, tipo uma toca de índio. Para comprar comida tinha que ser em Altamira. Gastava 16 dias para chegar lá.

Primeiras Safras de Arroz
A luta foi grande, e então inventemos um barraquinho para ser uma escola, que é no terreno da Escola Melvin Jones, e foi aí que começou a história da escola. Esperamos trinta anos pela energia elétrica, antes era só na base da lamparina. 

Igreja Católica comunidade renunida
Mesmo com todas as dificuldades conseguimos nos adaptar; acostumar com aquela situação. Ainda existe gente para reclamar. Chegaram há cinco ou dez anos de Uruará e reclamam. Mais não faz a ideia do meu tempo. O Incra queria que a gente ficasse em Anapu, mais lá estava dando uma doença de malária que matava até macaco.

Hoje estou muito feliz de ter vencido, e sei que valeu apena de ter enfrentado tudo isso.

Pioneiro Elias Alves
ELIAS ALVES DE SOUZA: cheguei em 22 de Outubro de 1972. Não foi fácil. A cada 30 dias recebíamos um salário para ajudar a se manter, e para receber este dinheiro tinha que ir até Altamira que era outra dificuldade. A nossa proposta era receber a terra de 100 hectares, uma casa, três hectares feitos com maquina em roda, seis meses de salário, e o que foi entregue foi só a terra e o salário.

Plantação de Arroz
Na minha chegada enfrentamos muitas barreiras. A noite eu e meu filho revezava, quando eu dormia ele ficava acordado vigiando o barraco por causa das onças e outros bichos que ficavam em redor.

Muitas promessas não foram cumpridas, mais eu consegui o que queria que era a terra, e hoje eu e minha falia estamos feliz. Vi este município e esta região crescer.

Pioneiro Antonio Mineiro
ANTÔNIO JOSÉ MARIA - CONHECIDO COMO ANTÔNIO MINEIRO: Consegui vencer os obstáculos, pois muitos colegas não tiveram sorte, voltaram quando se deparam com a situação da transamazônica. Foi muito sofrimento e hoje me sinto um homem realizado.

Primeira Escola Melvin Jones
Vim com a minha família. Não tinha estudo, quando os meus filhos foram estudar já eram adultos. A primeira professora era a dona Lenira, esposa do Sr. Pedro Birro e através daí começou a melhorar. Com relação a saúde era só em Altamira. O primeiro padre foi o Conrrado junto com a irmã Terezinha.

Lembro-me daquela época, só a floresta e a Transamazônica frente a minha casa, hoje tem asfalto, uma bela paisagem... Lamento pelos companheiros que não puderam alcançar este sonho.

Pioneiro Adão Alves
ADÃO ALVES DOS SANTOS: tinha um slogan chamado integrar para não entregar. Somos pioneiros, desbravadores, como soldados. Todos passamos necessidades. Quando chegamos aqui fui morar debaixo de um barranco. Os primeiros professores tinha apenas, alguns deles, o primário, mais se esforçavam para alfabetizar as crianças. Fizemos um campinho e jogávamos bola com os amigos.

Muita dificuldade. Sem estrada, sem saúde... Mas conseguimos colonizar a Transamazônica. Hoje sou feliz aqui.






  



















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