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terça-feira, 28 de agosto de 2012

CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE

BILL CLINTON PALESTRA PARA SEIS MIL PESSOAS

O Bolsa Família, a produção de etanol e o esforço dos governantes brasileiros para manter a estabilidade econômica nos últimos 20 anos foram alvos de elogios do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, que participou ontem do 19º Congresso Brasileiro de Contabilidade. Clinton fez palestra de uma hora e meia para cerca de seis mil contadores e chegou a dizer que o Brasil é um país “quase perfeito”. “Vocês tiveram a sorte de ter três bons presidentes em sequência”, disse, afirmando que Fernando Henrique Cardoso criou as condições para o Brasil começar a crescer e que Luiz Inácio Lula da Silva fortificou a economia. Sobre a atual presidente, Dilma Rousseff, declarou que ela tem feito “um bom trabalho”, apesar as crises internacionais.

Desde que deixou a presidência dos Estados Unidos, em 2001, Clinton tem comandando uma verdadeira cruzada em defesa das fontes alternativas de energia e, em Belém, levantou mais uma vez a bandeira da sustentabilidade. “Nós nunca nos perdoaremos e o mundo não será um lugar bonito daqui a 50 anos, se não encontramos uma maneira de nos desenvolver sem reduzir as emissões de carbono”, disse, afirmando que não há como manter o atual modelo de desenvolvimento “sem consequências desastrosas”.

Trilhões e trilhões do PIB podem se perder por catástrofes naturais. A temperatura do planeta está aumentado e, na primeira década deste século, gastamos três vezes mais para reconstrução de áreas devastadas por destrates naturais do que na década de 80”. O ex-presidente americano citou o exemplo da China, que tem crescido a índices impressionantes, mas enfrenta problemas como a seca no Rio Amarelo, o segundo mais importante do país. Também falou dos altos índices de poluição na capital chinesa.

SUSTENTABILIDADE

Clinton lamentou a imensa desigualdade no planeta e classificou como obstáculo ao desenvolvimentos sustentável a instabilidade provocada pela dificuldade para que todos tenham acesso a educação, saúde e emprego.

Afirmou que não é possível dizer aos brasileiros que parem sua marcha em direção à prosperidade, mas alertou que é preciso fazer um cálculo sobre os custos de cada ação. Para ele, além de responder o que fazer e quanto gastar para se desenvolver, um país deve procurar a resposta para a questão sobre como conseguir isso de maneira sustentável.

Para ele, o desafio é criar um futuro em que as responsabilidades e, não a pobreza, sejam compartilhadas. Clinton defendeu que sejam feitos estudos para definir os custos da exploração de recursos ambientais ao mesmo tempo em que sejam avaliados os benefícios de preservá-los.

Lembrou que o Brasil tem investido em hidrelétricas que são fontes de energia relativamente limpas, mas ressaltou que por alguns anos usinas localizadas em rios que banham a floresta tropical podem ter impacto grande sobre a biodiversidade. Por isso defendeu estudos detalhados sobre os custos e benefícios de fontes alternativas, como solar e eólica. “Se pudesse dar apenas uma recomendação, seria a de que é preciso fazer estudos sérios do quão rápido podemos nos mover em relação a esses modelos (de energia alternativa)”. Clinton defendeu que o cálculo leve em conta as chamadas externalidades dos modelos tradicionais antes de classificar as alternativas como não competitivas. Destacou que modelos tradicionais recebem subsídios dos governos e que por isso podem parecer mais viáveis.

Hoje, no Brasil, 40% dos profissionais das Ciências Contábeis são do sexo feminino. Por isso, o avanço das mulheres no mercado profissional foi o assunto principal do 3º Fórum Nacional da Mulher Contabilista, que abriu o primeiro dia de atividades do 19º Congresso Brasileiro de Contabilidade.

Com o tema ‘Ousadia e Coragem: seu nome é mulher’, o debate foi mediado pela jornalista Leda Nagle e contou com a participação de uma ex-senadora, uma professora, uma artista e uma sexóloga. Quatro histórias de vidas completamente diferentes, mas com muitos valores em comum.  “É possível a união na diversidade. É ela quem possibilita a troca e o consequente crescimento. Há um processo de heteroestima, ao mesmo tempo em que somos indivíduos, precisamos do suporte alheio para reconhecimento, seja por meio da atenção ou respeito”, disse Marina Silva.

Os assuntos não eram especialmente novos ao público, mas as entrevistadas fizeram questão de expor abordagens mais independentes e seguras da mulher brasileira, como a respeito do sexo. Mesmo assim, elas ratificaram que, enquanto vantagens se abrem, o despontamento da sexualidade traz também alguns impactos preocupantes. “São cada vez maiores os casos de câncer em órgãos sexuais, por exemplo. Infelizmente, o aumento das formas de prazer está intimamente ligado ao aumento dos riscos. Por isso, os preservativos masculinos e femininos são indispensáveis em todas as ocasiões”, afirmou a professora Silvia Rogatto.
Entre as mudanças a serem instituídas está, é claro, a educação.
“Com certeza, é necessário investir em educação básica, valorizando o professor, dando estrutura de qualidade. Mas não podemos sobrecarregar a escola enquanto provedora de educação. Existem vários tipos de educação não formais, como ambiental, ética, alimentar, que precisam de espaços fomentadores, sejam eles igrejas, famílias, organizações sociais, comunidades”, ratificou
Marina.

CONGRESSO

Esta é a primeira vez que a região Norte é sede do maior evento do segmento contábil brasileiro. O Congresso Brasileiro de Contabilidade segue até o dia 29 de agosto, reunindo mais cinco mil profissionais, estudantes e especialistas nacionais e internacionais.
Ele é uma realização do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e do Conselho Regional de Contabilidade do Pará (CRC-PA), com o apoio da Academia Brasileira de Ciências Contábeis e do Sistema CFC/ CRC’s e organização da Fundação Brasileira de Contabilidade (FBC).

(Diário do Pará)
Foto 1: Everaldo Nascimento
Foto 2: Ingo Müller Do G1 Pará


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